sábado, 29 de junho de 2013

aliment

                do fogo azul no coração esquerdo
o canto importado da yara, um cupinzeiro
as memórias dos contos smilinguidos
                planos desse aquele show
    , cd cds
frases no interior de anéis para todas as situações
           o brotinho da plantinha que ela pisou,
      a erva-daninha da posse em raiz,
o sonho-pedido-jardina pro nobis

sábado, 22 de junho de 2013

No Coração do Brasil

Horrível
Receio de clicar em algo e compartilhar qualquer coisa
Cada pausa por medo é uma vitória de ninguém
E ninguém está ganhando
Todos os meus amigos e eu voltando a ter medo do escuro e daquele cara ali atrás da gente
Estamos por uma faísca
Fogos nas ruas fogos de São João
Fogos nas pedras nas árvores-praças
Algo estranho em todas as placas
Minha gata estava com sede e achei que era mais medo
Todo mundo está ficando sério,
a gente não cabe mais na pauta
Mais fogos
Sabe quem jogou hoje? Quem tava escalado?
Eu vi de relance e não sei, talvez o Neymar
Será que o Neymar tem medo de que botem fogo na futebola dele
Como as ruivas temem que botem fogo em seus cadernos de magia universal?
Cadê Jesus?
As igrejas estão de pé e alguém me diz que "Não é nada"
"Você está viajando"
E eu nem cigarro fumo por atentatentotenso
E o êxtase das ruas
Pintei algo com as mãos como se matasse alguma coisa/alguém
É o excesso o desprazer e o tanFOGOSto que não sei de psicanálise
Quero dormir
Nem li o texto de AristótelesMAIS FOGOS
Nem li o Foucault que taquí
Leio um conto de Guimarães Rosa quando dá
Queria um novo sonho
Mas não durmo mais direito
E aqui nem é São Paulo
E aqui nem é o Rio

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Registro emocional 20.06.13

Goiânia - GO
Manifestação geral
Cruzamento das avenidas Goiás e Anhangüera
A vontade era de jogar tinta na própria estátua, mas ela não é só minha

135x300 cm
Guache sobre papel kraft

domingo, 16 de junho de 2013

Das bonecas do sobrenatural

O poeta não existe: é feito de tijolos
          sobrepostos                    juxtapostos    migalhados
etiquetas classificatórias pastas
uma etiqueta para cada swing do machado
                                                       cada corte
segunda sexta a domingo
garotos-rotas das flores a contragosto
      autochicotecem monstrinhos

domingo, 26 de maio de 2013

Meditação espontânea ₩16

Sábado, 25 de maio do 13
Um cigarro, um banho e uma laranja
15:59 ~ 16:39
Em seguida, a carta que veio a seguir (para NS):

________

Fomos ensinados também por nós mesmos a guardar rancor dos amores que não mais são das mãos não mais juntas
é o egoísmocentrismo que tudo bem
é a falta de saber de si
é a minha frustra-indig-nação por ti estar com outros e não comigo em 2009-10 e eu aprendia do amor, jurando saber já tudo
Mas a gente pouco sempre sabe.

Um armário e gavetas e ao abrir a gaveta debaixo da direita o que se busca não está lá e talvez nem exista e olhando agora nem a gaveta existe
pois muitas vezes o que se busca é uma ideia um sentimento
                             e não um objeto
busca-se uma referência concreta nos escombros que são a mente
de tudo um texto                  de todos um tanto
Hoje fui acordei tarde perdi semi-propósito um horário pra estudar anatomia e dormi das 04 da manhã às quase 11
         (essa auto-negligência me incomoda, vou ter de tomar atitudes ou nada acontece)
Saí para uma lotérica e o pai da Giorgina na mente.
Ele ia me matar.         A qualquer momento.
     Ele tem um revólver na minha mente e é o pai o irmão o amigo
              É ela própria que me encontra armada sob a sombra duma árvore ao lado de três outras quatro árvores serradas fora
      pra não incomodar os cabos os fios-postes elétricos
e eu digo "Giorgina não tem outro jeito"
                          e ela "Corte sua mão direita fora"
        e eu nego
                      e não sei se  ela atira

A visão me acompanha escada acima e vira tinta
        e deságua num caderno
                   e tudo bem.

Um tempo atrás eu quebraria mais a cabeça pra entender os medos receios
Nos últimos dias escrevo e é assim:

{a engrenagem mental quer girar os mecanismos da mim.mente
um receio não deixa
        e trava nisso e os dias seguem e continua travado, a mente vai pra outro lado mas ainda há algo emperrado na escuridão
MAS se transmuto o receio em pilha bateria
e movo com tal fôrça a caneta na página
giragigira estrelas faíscas
e o receio deixa de ter esse rótulo falso e se mostra vida}

Ao fim da meditação vi o espírito com cabeça de pirâmide que pintei na parede com a mão aflita e o acariciei a cabeça e o côrpo. Ele só me olhava com seu um-olho só e não interagia muito. Recolhi seu corpo ao interior da pirâmide e coloquei-a sobre a cabeça como chapéu que é. Mas era falsa pois puras trevas.
            Com um toque da minha mão desmudou em preto e branco
    e preto      e branco      e preto      e branco         em movimento...

Meu Deus, por que é que a gente violenta tando a própria imaginação?

Se tudo o que é real veio antes do próprio ser...

Mas uma repressão gera outra repressão que gera outra repressão e
tojolotijolo
o que poderia ser uma pirâmide interior se faz hospício
(ou malleus maleficarum)

Erros enganos
julgamentos
entendimentos
humanos
demais
que
chegam
normais

Um beijo e ambas as mãos e os beijos,
                                                       M

3 semanas

quarta-feira, 20 de março de 2013

Os Leões, Moacyr Scliar, 1968


"Na sessão inaugural de um congresso médico, eu, de terno e gravata, assistia enlevado a um discurso, quando, de repente, comecei a suar. O colarinho me pareceu subitamente apertado, tentei afrouxá-lo, mas os dedos não me obedeciam, se alongavam (horror) como garras (até peludas, creio!) e, quando vi, minha mão direita empunhava uma caneta esferográfica! Tomado de um impulso irresistível corri para uma sala reservada, e lá, em meio a convulsões espantosas, escrevi Um Conto. Ao colocar o Fim, as coisas voltaram ao normal e pude retornar ao salão de festas, onde minha ausência não tinha sequer sido notada."

* * *

Hoje não, mas há anos os leões foram perigo. Milhares, milhões deles corriam pela África, fazendo estremecer a selva com seus rugidos. Houve receio de que eles chegassem a invadir a Europa e a América. Wright, Friedman, Mason e outros lançaram sérias advertências a respeito. Foi decidido então exterminar os temíveis felinos. O que foi feito da maneira que se segue.

A grande massa deles, concentrada perto do Lago Tchad, foi destruída com uma única bomba atômica de média potência, lançada de um bombardeiro, num dia de verão. Quando o característico cogumelo se dissipou, constatou-se, por fotografias, que o núcleo da massa leonina tinha simplesmente se desintegrado. Rodeava-o um setor de cerca de dois quilômetros, composto de postas de carne, pedaços de osso e jubas sanguinolentas. Na periferia, leões agonizantes.

A operação foi classificada de "satisfatória" pelas autoridades encarregadas. No entanto, como sempre acontece em empreendimentos desta envergadura, os problemas residuais constituíram-se, por sua vez, em fonte de preocupação. Tal foi o caso dos leões radioativos, que tendo escapado à explosão, vagueavam pela selva. É verdade que cerca de vinte por cento deles foram mortos pelos zulus nas duas semanas que se seguiram à explosão. Mas a proporção de baixas entre os nativos (dois para cada leão) desencorajou mesmo os peritos mais otimistas.

Tornou-se necessário recorrer a métodos mais elaborados. Para tal criou-se um laboratório de treinamento de gazelas, cujo objetivo primário era liberar os animais do instinto de conservação. Seria fastidioso entrar nos detalhes deste trabalho, aliás muito elegante; é suficiente dizer que o método utilizado foi o de Walsh e colaboradores, uma espécie de brain-wash adaptado a animais. Conseguido um número apreciável de gazelas automatizadas, foi ministrado às mesmas uma forte dose de um tóxico de ação lenta. As gazelas procuraram os leões, deixaram-se matar e comer; as feras, ingerindo a carne envenenada, vieram a ter morte suave em poucos dias.

A solução parecia ideal; mas havia uma raça de leões (poucos, felizmente) resistente a este e a outros poderosos venenos. A tarefa de matá-los foi entregue a caçadores equipados com armamento sofisticado e ultra-secreto. Desta vez, sobrou apenas um exemplar, uma fêmea que foi capturada e esquartejada perto de Brazzaville. Descobriu-se no útero da leoa um feto viável; pouco radioativo, o animalzinho foi criado em estufa. Visava-se, com isto, a preservação da fauna exótica.

Mais tarde o leãozinho foi levado para o Zoo de Londres onde, apesar de toda a vigilância, foi assassinado por um fanático. A morte da pequena fera foi saudada com entusiasmo por amplas camadas da população. "Os leões estão mortos!" - gritava um soldado embriagado. - "Agora seremos felizes!"

No dia seguinte começou a guerra da Coréia.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

mundo ingênuo #028

num papel de embrulhar livros
às pressas: bic, giz de cera
enquanto um pão ia na chapa


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

TransPaulo 22

~~><~~>~
começaremos daqui um relato indireto de tiros no escuro
imagine um exercício de simulação de outdoors


(o) Discurso de Primavera e Algumas Sombras, Carlos Drummond de Andrade
(o) Fundação Feltro 6007

~<~><~>W~~


~E<~><~>~~

O que menti inexplicável no que vi te explico agora: meu olhar voltava pra ti em todos os esbarrões e fragmentos das visitas que você me fazia e minha alma tinha fome; quem de vocês a ouviu roncar? Quando eu era a que possuía o vazio entre nós; quis ser a própria corda e fui a quase mais bonita narrativa interconectada das suas dexistências. Das pilhas de roupas às louças à janela aberta e uma visão bem íntima possível era a área 5. Os cômodos inconstantes e a aflição da minha saudade da sua caligrafia no toctoque à porta do meu breve 38.

Ele pergunta se aprendi a dirigir e digo não; pergunta se comprei um liquidificador e digo não; se tênis não; sapato não; vendi a vitrola.

Por outro lado, três andares abaixo e oito portas à direita morava uma senhora surda que se lembrava da tua voz e sempre me pedia histórias. Me dizia ter sido Dalila e Lampião ainda mocinha, que era índia em nossos quartos muito antes das paredes e os desboços; enquanto uma outra moça desaguava em ti eu ouvia da velha que a surdez era uma benção e foi assim que dormi no dia:
     com as águas da moça num ouvido e         
a surdez da velha sendo um rio no outro ouvido.        

Naquela lua sonhei com todas as suas amigas sendo um grande copo d'água, d'água mesmo, não de vidro e só o copo e nele eu e mil formigas, e você nos bebia e jogava ao chão o copo-moças. Dentro de ti eu me tornava um lobo bom e com boas dentadas bem intencionadas mastigava teu coração sem arrancar parte que fosse; queria babá-lo uva passa, coração-passa inarrebentável.

Acordei com as orelhas doloridas e uma bolha de sangue no lugar do brinco morto que ganhei teu nalguma noite, no meu aniversário, no jantar dentro do lixo: azul, o de quadrados preto-amarelo-pretoamarelopreto. O brinco estava no chão e meu sangue na mão. O pavor de estar cada dia mais magra de repente foi me reentrar feliz. Recuperaria meu peso comendo tudo de você que pudesse achar dentro de mim
     (e, mesmo magra-pau, daí seria a baleia, enorme do seu vazio, e por hora seria o suficiente).

Meu maxilar doía: era um capacete de seis prazeres e meu foguete corria longe, fugia ao controle nos súbitos risos de Janeiro.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

1921.02.13//Brazilian Coffee (Te considero mais que o Lincoln)

REgiNa Passei por um rapaz paraplégico que me olhava enquanto eu abria c'os dentes uma bala de café com os olhos. Segui em sua direção e ofereci uma e ele semiacenou que
não.
A bala que seria dele caiu no chão - fui fazer uma gracinha - joguei pra cima e ventava.
Ao me abaixar para pegá-la de volta o nome no rótulo parecia certamente me dizer uma verdade do século XXVIII. Segui para um dos abatedouros e esperei:
primeiro numa sala pequena com um sofázinho e arcondicionado. Ganhei dois brindes: revistas: uma de Calculática e outra Natural. Achei que o atendimento seria ali no aconchego mas me apontaram uma porta e um corredor pelo lado de fora:
o abatedouro.
Paredes cruas de concreto e teto alto que parecia mais baixo que eu.
Primeira janela enquanto pedia o pedido no pedido passei o tempo;
desenhei prédios e torres inconcretas, uma antena a transmitir;
Torillo pegou o papel das minhas mãos e perguntou o que era e disse que
"Estou só passando o tempo"
(mentira)
Tanto foi mentira
que ele me perguntou ser o desenho o Castelo do Conan
que ele começou a falar do filme novo do Conan, que era muito bacana o filme do Conan e tinha visto na madrugada, perguntei se o do Schwarz e não, o novo novo mesmo.
Janelas, janelas campainha pacote. Não vi o Torillo pra agradecer a informação e fui.
Na volta numa locadora o pôster bem grande
Conan
(mui bárbaro!)
dizia que não havia mais nenhuma fechadura e a frase se mentia sem minha questão.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

17.02.13//2melôs de amor (+)


17.02.13//amigos voam

ELZA e ela me servia o copo usual de café pra viagem;
disse que a porção estivera escondida para mim e pela primeira vez soube seu nome e escrevi pra não perder.
O cubo começou a se mover
pelo fundo e o cetim
nos abraçava como o véu do tempo o véu do templo: o espírito antes mantido em mãos e quando muito escorria pelos dedos agora lançado em porções fartas.
(ignoramos os avisos! ignoramos as placas e as propagandas!)
(te adianto que não pude deixei de dar as mãos às advertências que ainda descabidas nunca foram à toa)
A colheita repartida antes de existir e nos dávamos conta dos montões de grãos de trigo e dos bichos da cevada.
Nove dela e o espelho sorriam pelas setenta e sete fitas do Bonfim que se rompiam.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

27.01.13//goiás promrte


07.01.13//carro de gabriel reis


30.12.12//truco armado


29.12.12//balada na praça


eu fui o tabuleiro

PATRÍCIA Patrícia Patrícia era um nome comum e a minha letra comum também. Pensava na rainha no bispo, lembrava da bispa filha do Hobbespierre da filha do tempo e seus cliques e o que sabia e o que eu não sabia de seus planos e cliques:
     um monitor os olhos, os olhos de todos os amigos conhecidos e ela a Aranha. Sua teia-enredos possíveis dos particulares do todo e ela parecia querer o domínio:
     ou era isso o que eu via só, como ela sendo uma figura de poder maior que nossos governantes presidentes: ela era MAIOR no meu desdelírio, maior que nosso tempo maior que o que sabíamos todos juntos do nosso tempo ela sabia:
  • do seu café;
  • do seu pé;
  • donde ia seu olhar;
  • seus tentáculos sem-fim era a lula. Queria quase mais que tudo meia hora da boca delaberta vomitando o que achava disso.
O que achava de mim? Se ela se via de fora do tabuleiro então me diria por favor: qual peça era eu? Sou o cavalo o peão de corda sou o burro sem par? Você já viu tudo já viu todos já viu meu amor? Você já viu os papiros meus ex-amigos minha ex-ex-ex? Podes ouvir os pulos da minha lavarroupas?
     (eu era um)
e os dedos dela recriavam nossos perfis psicológicos com termos desconhecidos latinos, sabia das nossas músicas sabia dos sonhos dos tênis sabia do quadro depressivo tomando conta da nação de todos menos de si /// fez-se uma bispa uma torre com calabouços ácidos: inatingível na corrida. Sabia estar mais além a menina Einstein-Siddhartha-Morrison-Jung, sabia que seu silêncio era nossa grámata///gráti///cromática nosso diploma
     (eu era o unicórnio)
uma orquestra e nem o maestro era o maestro, julgando um ser do outro a harpa não se era mais confiável
me manipulam
te manigulom
Odiamos tudo com dor no peito por ter pedido os circuitos de colaborofiar,
               era uma luta o jogo era uma corrida
     e só podia (eu) torcer para que a Mão nos quisesse todos em primeiro (quem sabe fôssemos dedos, nenhum pra trás para trás todos em Uma mesmo que polegares indicadores anéis).
Segundo a Aranha eu era o silêncio
Segundo a Aranha o cavalo era torto para nós se desfigurava na lasanha escolar holandesa//
Massas,
gravetos-dados das mais belas manôbras o mais belo half esplêndido.
A vaca morreria depois anos depois de mim e eu a levaria como Lain e João Batista e ela mastiga minhas unhas fora e já fui; mastiga meus últimos pedidos. Tricotava blusinha//renda//a cortina última// a cortina que destruiria nossas chances gerais de descendência ao descer.

     (duas//manhã e ela clica)

     (do século eu fui o tabuleiro)