quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

mundo ingênuo #028

num papel de embrulhar livros
às pressas: bic, giz de cera
enquanto um pão ia na chapa


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

TransPaulo 22

~~><~~>~
começaremos daqui um relato indireto de tiros no escuro
imagine um exercício de simulação de outdoors


(o) Discurso de Primavera e Algumas Sombras, Carlos Drummond de Andrade
(o) Fundação Feltro 6007

~<~><~>W~~


~E<~><~>~~

O que menti inexplicável no que vi te explico agora: meu olhar voltava pra ti em todos os esbarrões e fragmentos das visitas que você me fazia e minha alma tinha fome; quem de vocês a ouviu roncar? Quando eu era a que possuía o vazio entre nós; quis ser a própria corda e fui a quase mais bonita narrativa interconectada das suas dexistências. Das pilhas de roupas às louças à janela aberta e uma visão bem íntima possível era a área 5. Os cômodos inconstantes e a aflição da minha saudade da sua caligrafia no toctoque à porta do meu breve 38.

Ele pergunta se aprendi a dirigir e digo não; pergunta se comprei um liquidificador e digo não; se tênis não; sapato não; vendi a vitrola.

Por outro lado, três andares abaixo e oito portas à direita morava uma senhora surda que se lembrava da tua voz e sempre me pedia histórias. Me dizia ter sido Dalila e Lampião ainda mocinha, que era índia em nossos quartos muito antes das paredes e os desboços; enquanto uma outra moça desaguava em ti eu ouvia da velha que a surdez era uma benção e foi assim que dormi no dia:
     com as águas da moça num ouvido e         
a surdez da velha sendo um rio no outro ouvido.        

Naquela lua sonhei com todas as suas amigas sendo um grande copo d'água, d'água mesmo, não de vidro e só o copo e nele eu e mil formigas, e você nos bebia e jogava ao chão o copo-moças. Dentro de ti eu me tornava um lobo bom e com boas dentadas bem intencionadas mastigava teu coração sem arrancar parte que fosse; queria babá-lo uva passa, coração-passa inarrebentável.

Acordei com as orelhas doloridas e uma bolha de sangue no lugar do brinco morto que ganhei teu nalguma noite, no meu aniversário, no jantar dentro do lixo: azul, o de quadrados preto-amarelo-pretoamarelopreto. O brinco estava no chão e meu sangue na mão. O pavor de estar cada dia mais magra de repente foi me reentrar feliz. Recuperaria meu peso comendo tudo de você que pudesse achar dentro de mim
     (e, mesmo magra-pau, daí seria a baleia, enorme do seu vazio, e por hora seria o suficiente).

Meu maxilar doía: era um capacete de seis prazeres e meu foguete corria longe, fugia ao controle nos súbitos risos de Janeiro.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

1921.02.13//Brazilian Coffee (Te considero mais que o Lincoln)

REgiNa Passei por um rapaz paraplégico que me olhava enquanto eu abria c'os dentes uma bala de café com os olhos. Segui em sua direção e ofereci uma e ele semiacenou que
não.
A bala que seria dele caiu no chão - fui fazer uma gracinha - joguei pra cima e ventava.
Ao me abaixar para pegá-la de volta o nome no rótulo parecia certamente me dizer uma verdade do século XXVIII. Segui para um dos abatedouros e esperei:
primeiro numa sala pequena com um sofázinho e arcondicionado. Ganhei dois brindes: revistas: uma de Calculática e outra Natural. Achei que o atendimento seria ali no aconchego mas me apontaram uma porta e um corredor pelo lado de fora:
o abatedouro.
Paredes cruas de concreto e teto alto que parecia mais baixo que eu.
Primeira janela enquanto pedia o pedido no pedido passei o tempo;
desenhei prédios e torres inconcretas, uma antena a transmitir;
Torillo pegou o papel das minhas mãos e perguntou o que era e disse que
"Estou só passando o tempo"
(mentira)
Tanto foi mentira
que ele me perguntou ser o desenho o Castelo do Conan
que ele começou a falar do filme novo do Conan, que era muito bacana o filme do Conan e tinha visto na madrugada, perguntei se o do Schwarz e não, o novo novo mesmo.
Janelas, janelas campainha pacote. Não vi o Torillo pra agradecer a informação e fui.
Na volta numa locadora o pôster bem grande
Conan
(mui bárbaro!)
dizia que não havia mais nenhuma fechadura e a frase se mentia sem minha questão.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

17.02.13//2melôs de amor (+)


17.02.13//amigos voam

ELZA e ela me servia o copo usual de café pra viagem;
disse que a porção estivera escondida para mim e pela primeira vez soube seu nome e escrevi pra não perder.
O cubo começou a se mover
pelo fundo e o cetim
nos abraçava como o véu do tempo o véu do templo: o espírito antes mantido em mãos e quando muito escorria pelos dedos agora lançado em porções fartas.
(ignoramos os avisos! ignoramos as placas e as propagandas!)
(te adianto que não pude deixei de dar as mãos às advertências que ainda descabidas nunca foram à toa)
A colheita repartida antes de existir e nos dávamos conta dos montões de grãos de trigo e dos bichos da cevada.
Nove dela e o espelho sorriam pelas setenta e sete fitas do Bonfim que se rompiam.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

27.01.13//goiás promrte


07.01.13//carro de gabriel reis


30.12.12//truco armado


29.12.12//balada na praça


eu fui o tabuleiro

PATRÍCIA Patrícia Patrícia era um nome comum e a minha letra comum também. Pensava na rainha no bispo, lembrava da bispa filha do Hobbespierre da filha do tempo e seus cliques e o que sabia e o que eu não sabia de seus planos e cliques:
     um monitor os olhos, os olhos de todos os amigos conhecidos e ela a Aranha. Sua teia-enredos possíveis dos particulares do todo e ela parecia querer o domínio:
     ou era isso o que eu via só, como ela sendo uma figura de poder maior que nossos governantes presidentes: ela era MAIOR no meu desdelírio, maior que nosso tempo maior que o que sabíamos todos juntos do nosso tempo ela sabia:
  • do seu café;
  • do seu pé;
  • donde ia seu olhar;
  • seus tentáculos sem-fim era a lula. Queria quase mais que tudo meia hora da boca delaberta vomitando o que achava disso.
O que achava de mim? Se ela se via de fora do tabuleiro então me diria por favor: qual peça era eu? Sou o cavalo o peão de corda sou o burro sem par? Você já viu tudo já viu todos já viu meu amor? Você já viu os papiros meus ex-amigos minha ex-ex-ex? Podes ouvir os pulos da minha lavarroupas?
     (eu era um)
e os dedos dela recriavam nossos perfis psicológicos com termos desconhecidos latinos, sabia das nossas músicas sabia dos sonhos dos tênis sabia do quadro depressivo tomando conta da nação de todos menos de si /// fez-se uma bispa uma torre com calabouços ácidos: inatingível na corrida. Sabia estar mais além a menina Einstein-Siddhartha-Morrison-Jung, sabia que seu silêncio era nossa grámata///gráti///cromática nosso diploma
     (eu era o unicórnio)
uma orquestra e nem o maestro era o maestro, julgando um ser do outro a harpa não se era mais confiável
me manipulam
te manigulom
Odiamos tudo com dor no peito por ter pedido os circuitos de colaborofiar,
               era uma luta o jogo era uma corrida
     e só podia (eu) torcer para que a Mão nos quisesse todos em primeiro (quem sabe fôssemos dedos, nenhum pra trás para trás todos em Uma mesmo que polegares indicadores anéis).
Segundo a Aranha eu era o silêncio
Segundo a Aranha o cavalo era torto para nós se desfigurava na lasanha escolar holandesa//
Massas,
gravetos-dados das mais belas manôbras o mais belo half esplêndido.
A vaca morreria depois anos depois de mim e eu a levaria como Lain e João Batista e ela mastiga minhas unhas fora e já fui; mastiga meus últimos pedidos. Tricotava blusinha//renda//a cortina última// a cortina que destruiria nossas chances gerais de descendência ao descer.

     (duas//manhã e ela clica)

     (do século eu fui o tabuleiro)